quinta-feira, 26 de março de 2009

Com o vento do Espírito Santo

Estar no Projeto Manguerê é encontrar o Brasil. Ver a flor no cabelo da menina e da professora é ver o encontro desse gênero fantástico, é completar o tecido desses dois dias, nos quais pude aquecer ainda mais minha esperança no futuro que se anuncia.

Depois de Brasília, encontrar em Vitória o Manguerê Poético no meio de São Pedro, esse, "que já foi pescador e guarda as chaves do céu", esse mesmo céu que se debruça acima das nossas cabeças e pode ser alcançado com as pontas de estrelas dos nossos dedos, foi um presente especial.

É bom ver que existem outros e outras, bravos e bravas que continuam a construção desse roteiro.

Ainda tem vaga. Pode chegar.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A palavra, a jaula e o leão

No final de semana o espetáculo "Parem de falar mal da rotina", de minha amigairmã Elisa Lucinda voltou aos palcos do Rio de Janeiro, no teatro SESI da Graça Aranha, no Centro. Até aí, nenhuma novidade para um espetáculo que já completa 07 anos e está em sua sexta temporada no Rio, mas uma coisa me chamou atenção no mesmo final de semana. Na Ladeira Tabajara, localizada não muito distante, em Copacabana, um tiroteio entre facções rivais do tráfico colocou moradores de três bairros testemunhas do som que os fuzis e demais armas pesadas fazem; eu, que ora habito um quarto no Humaitá, pensei que fosse ao lado, na favelacomunidade Dona Marta, recém ocupado pela polícia e vivendo dias de paz.

Eu, que sou observador desse cotidiano - e que andava distante daqui - me vi pensando em como podemos encontrar as saídas para essas cenas que uma cidade entende como comum (desde quando é comum uma bala de fuzil atravessar um morro, voar mais de um quilômetro e cair na casa de um zelador em um bairro que não faz nem fronteira com o outro? Desde quando uma tarde chuvosa do domingo de outono ser entremeada por pipocos de armas é comum?), e pensei nisso enquanto me preparava para ir ao teatro, ver o Parem, ver Elisa e ouvir a beleza que a coloquialidade pode fazer com a poesia, com a vida, com as estréias que podem ser o nosso dia-a-dia.

Penso que o domínio da palavra, a compreensão da dimensão desse elemento guarda um segredo. Dominar a palavra é dominar o leão dentro da jaula, é conseguir ser suave e cuidadoso com o outro, é se permitir ouvir uma outra opinião, é possibilitar contar nossas histórias, compartilhar nosso mundo e produzir, com isso, essa paz que tantos de nós almejamos.

Ouvindo novamente os estampidos dos fuzis da Ladeira Tabajara, que novamente ganham a noite do Rio, tenho o desejo de - metaforicamente - colocar uma rosa em seus canos, como sementes de palavra, como compreensão da extensão desastrosa da palavra ódio e como elevação da dimensão da palavra amor.

O que fazer? Ainda não sei bem ao certo, mas, como diz Elisa em sua peça: vou me meter. Do meio jeito, com as minhas possibilidades, da minha forma, farei com que a palavra chegue aos jovens, para que possam nos contar seus (des)caminhos e para que possam encontrar em nós uma mão estendida, um olhar direto, ouvidos atentos e a possibilidade de um novo futuro.

Vamos juntos?

sexta-feira, 13 de março de 2009

A frugalidade dos brigadeiros

Sei que o título desse post deve ter feito alguns - e algumas - salivarem, porque os brigadeiros são aqueles amigos de inúmeros momentos, posto que feitos dessa substância mágica, o chocolate, mas o título remete ao que vi a partir dos pouco mais de 20 brigadeiros na comemoração do aniversário do Antônio, meu caçula figura.
Em épocas de frugalidade, posso dizer que o moço é hype, porque com poucos presentes, pai, mãe, avó, um bolo - de chocolate -, alguns balões e muita alegria, mostrou como a felicidade realmente segue conosco, mora ao lado e vive bem mais próximo do que imaginamos. Vendo Antônio, vi mais do que a festa, vi múltiplas possibilidades, vi mil crianças, vi um salão lotado, vi todos os que lá não estavam e vi o presente constante e diário que é viver.

terça-feira, 10 de março de 2009

Nélida, Dinha, Elisa e as palavras.

No último sábado, li a entrevista de Nélida Piñon no caderno "Prosa & Verso", do jornal O Globo, e encontrei uma dama, dessas que não passam despercebidas e que mostram a que vieram ao mundo. Conhecia um pouco de seu trabalho e de sua história, mas não sabia de sua dimensão, de sua clareza e de como fala do mundo e das perspectivas (?) que permeiam esse Brasil. Mulher, escritora e senhora de uma literatura fina e mundialmente respeitada, Nélida nos chama à verdade da relação que existe entre a distância das letras, da palavra, do entendimento, e do tal desenvolvimento, não esse econômico que hoje se debate, mas o humano. As palavras que formam esse mundo literatura transformam o ser homem e permitem que vejamos, além desse horizonte, um caminho para uma nova humanidade.

No mesmo dia, conversando com uma grande amiga, também escritora, fui apresentado à obra de Dinha, na coleção "Literatura Periférica", que a editora Global lançou. "De passagem, mas não a passeio" é a mostra de que Nélida tem razão quando fala da amplitude que nos dá a literatura, porque Dinha nos traz poesia de dentro de um mundo onde muitos de nós só enxergam o medo. Poesia real, poesia visceral, melhor dizendo, mas não sem amor. "Passamos das dez/ Já não somos irmãos", assim ela nos coloca em um lugar de reflexão rico e intenso. Lendo essa autora da favela Vila Cristina, no Parque Bristol, em São Paulo, essa escritora "periférica", leio muitas pessoas, rostos, vozes, sorrisos e possibilidades, e me lembro de Cristóvam Buarque questionando quantos prêmios Nobel o Brasil deixou de ganhar por não permitir que seus jovens, cidadãos brasileiros como todos nós, tivessem a oportunidade de descobrir que podiam, que era possível desenvolver o talento que cada um de nós carrega.

Nesse momento, Nélida, Elisa (minha amiga) e Dinha são uma só voz. Entre a Lagoa, no Rio, e Vila Cristina, em São Paulo, não existe mais distância, porque essas mulheres usaram as pontes que as palavras constróem...além de botarem o pé na porta do óbvio e garantirem seu espaço e seu sucesso.

Evoé todas elas!

sábado, 7 de março de 2009

VIK MUNIZ. Uma visão!

Acabo de chegar da exposição de VIK MUNIZ no MAM Rio. Quem não o conhece faça isso urgente e não deixe de passear pela obra dele (www.vikmuniz.net). É uma visão encantadora e inesquecível ver uma obra tão bonita e tão bem apresentada. Com ele e nas imagens de suas obras (sim, porque o moço monta imagens e as registra em suas fotos, trazendo um universo de coisas, de diamantes e bitucas de cigarro) pude ver uma história contemporânea. Uma arte que provoca e faz (re)pensar bastante, inclusive colocando em discussão o seu preço, seus elementos e a que nos leva encontrar. Um presente! Quis vir aqui e contar. Valeu!

sexta-feira, 6 de março de 2009

(Re)Descobertas Poéticas


Em tempos de reconfiguração dos olhares sobre o mundo e sobre a vida, a poesia me parece boa ferramenta propulsora de (re)descobertas. Aos que ainda não conhecem, dou a dica da Casa Poema (www.casapoema.com.br), onde podem encontrar cursos de poesia falada, da nova ortografia com tons poéticos e de introdução a essa tal filosofia. Fica no Rio, mas a super equipe de lá promove cursos por todo o Brasil.

Começando a navegar

De cá, com meus olhos abertos e atentos, escreverei sobre minhas impressões do cotidiano, esse criador de belos momentos. Espero que gostem das impressões e voltem sempre. Abração.