quarta-feira, 29 de abril de 2009

Caminhos da Sustentabilidade

A nós está posta a possibilidade de renovação, a nós a responsabilidade de entregarmos bem cuidada a Terra que pegamos emprestada de nossos filhos, para que possam seguir adiante com a história desse ser chamado homem, capaz de tantas descobertas e invenções; a possibilidade de construção do novo, mesmo que esse novo nasça das cinzas e dos escombros dos valores que, por se esgarçarem em nossa frente, mostram o quanto nos aprisionavam.

Especialistas como Irving Laszlo, integrante do Clube de Budapeste, destacam o novo momento e a oportunidade que temos de (re)novação, de debate e mudança de cultura de tratar o que está além de nós, de nossos próprios interesses, de nossa própria casta. O homem está sendo convocado a reencontrar a sua canção, a conviver, tolerar e compreender o outro homem, aquele que é chamado de diferente, quando o que há de melhor é sermos diversos, quando todos nós somos células do mesmo tecido social chamado humanidade.

O individualismo, a era do TER antes de SER, do "farinha pouca, meu pirão primeiro", está em farrapos e se vê diante do espelho da verdade histórica, tendo que olhar para dentro de si para encontrar respostas, como um processo terapêutico coletivo e sem fim. Na macrotransição anunciada por Laszlo, está a oportunidade de fazermos diferente, conscientes de que não conseguiremos ver os frutos, que esse suco será sorvido pelos que vêm depois de nós, mas certos de que a resposta está no fato de que não desfrutarmos da sombra amanhã não tira o significado de plantarmos a árvore hoje.

Empresas, governos, ONGs e a sociedade em geral estão no caminho que responderá a questões hoje de todos nós cidadãos, não somente de especialistas envolvidos com o tema. A crise que hoje atravessamos vai além do óbvio e coloca em xeque a humanidade e a forma com que se relaciona com os elementos naturais e, por que não dizer, com o próprio ser humano. Nesse momento, somos convidados a ouvir, a compartilhar saberes e encontrar, conjuntamente, uma saída sustentável e nova para o mundo.

A atual crise mundial evidencia a chegada de previsões antes anunciadas por ambientalistas e especialistas na discussão sobre a busca da sustentabilidade do planeta. Baseado em seus três pilares, o conceito de sustentabilidade cunhado com o Relatório Brundtland tem, na busca pelo equilíbrio econômico, ambiental e social, seu tripé de sustentação.

Não basta a ampliação econômica das ações, sem o cuidado pela não ampliação do passivo ambiental e social causado. Devemos investir nas atitudes que caminham no sentido de garantir o equilíbrio entre esses três pilares, de tal forma que um não inviabilize o outro. Do que adianta uma instituição gerar alto nível de crescimento econômico se deixa atrás de si um rastro de destruição ambiental e um enorme bolsão de miséria social? Certamente o valor econômico angariado se esvairá na tentativa de compensações que nunca chegam ao aceitável, muito menos ao ideal.

A crise que hoje vivemos chegou antes do que todas as previsões feitas, mesmo as mais catastróficas, e quem achava que não estaria mais aqui para vivenciá-la foi pego de surpresa e agora encontra-se perdido, buscando respostas para uma realidade incompatível com o índice de crescimento econômico vivenciado nas últimas décadas, em especial na década de 90.

Fácil o processo de reformulação de valores e cultura não é, assim como não foi fácil construirmos o que hoje vivemos, mas o dilema atual nos mostra, ao contrário do horror, a beleza da construção de possibilidades e caminhos, do se refazer.

Uma sociedade muda quando todos os que estão nela se unem e se comprometem com o que vem, e isso só ocorre quando conhecemos, quando saímos de nossas cavernas internas e temos a coragem de seguir adiante.

São vários os caminhos apontados, e cresce o número dos que desejam se unir na construção de suas viabilidades. A escolha, como sempre, está nas mãos de cada um de nós, e é chegada a hora que as usemos estendidas a um irmão, de maneira que juntos possamos contruir o mundo novo.

Rio, outono de 2009.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Outono Carioca

Abril trouxe o outono com todas as suas cores para o Rio. No final de semana com ressaca e ondas gigantes, o mar passa como que limpando e renovando tudo à sua frente, para que novos passos sejam dados sob a luz dos filmes de Woody Allen. A sensação de recomeço é ampla depois de uma Páscoa com João, Antônio e Rafael (mesmo que distante fisicamente); meus pés me levam em busca de um novo canto e encanto para que muitos sóis se ponham e nasçam alimentando essa vida nova.