quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Guerrilha no Asfalto

No Rio de Janeiro, o governo do estado vem intensificando as ações para instalar mais Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) nos morros da cidade, com especial olhar sobre os localizados na zona sul. Com o morro Santa Marta sendo utilizado com principal cartão de visitas dessa política de segurança, outros já foram ocupados, como Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme, Batan e Cidade de Deus, na zona norte.

Formado por recrutas recém saídos da academia de polícia (princípio que tem o objetivo reduzir os riscos de "vícios" já incorporados por integrantes mais antigos da tropa), as UPP's têm apresentado resultados interessantes com a instalação de programas sociais que levam às comunidades ações nas áreas esportivas, culturais e educacionais, como aulas de hip-hop, capoeira e informática. O governo pretende beneficiar mais de 300 mil pessoas até o final de 2010 com essas ocupações.

Seguindo o seu cronograma, a Secretaria de Segurança agora procura instalar uma UPP nos morros de Pavão-Pavãozinho (Copabacana) e Cantagalo (Ipanema). No início da semana (30/11), policiais do BOPE, do batalhão de choque e integrantes de grupos de elite da polícia civil ocuparam os dois morros, com integrantes do BOPE descendo de helicóptero na parte mais alta. Sem resistências consistentes, hoje pode-se dizer que existe o controle daquelas localidades pelos policias, e logo teremos a instalação da tão esperada UPP.

A novidade é o que está acontecendo agora. Utilizando técnicas de terror e de guerrilha, os traficantes estão conseguindo manter os moradores desses bairros apreensivos, e forçaram o fechamento de parte do comércio de Copacabana ontem (01), incendiando um ônibus em plena Av. Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro. Agora, enquanto escrevo este post, uma bomba caseira explodiu próximo ao Shopping Cassino Atlântico, localizado na "fronteira" de Copacabana com Arpoador. O alvo era mais um ônibus, que não foi atingido, mas o rosto das pessoas em vota demonstra o estado de apreensão que ainda paira no bairro.

Táticas de guerrilha serem usadas pelos traficantes não é novidade, e isso tem se sofisticado com o tempo, resta agora saber como é que a Secretaria de Segurança vai lidar com este embate que não é realizado dentro da comunidade, mas no asfalto em torno dela, exatamente no meio do bairro símbolo da cidade maravilhosa. Ao andar no bairro, segue um bom conselho: atenção redobrada, especialmente com motos em alta velocidade e com duas pessoas, porque, por hora, parece ser mais fácil andar em Bagdá do que aqui.

Em tempo: Pavão-Pavãozinho e Cantagalo são controladas pelo Comando Vermelho, a maior facção criminosa atuante no Rio, e são consideradas estratégicas, porque movimentam cerca de R$300.000,00 por mês com o tráfico de drogas. As armas não são de brincadeira. E sempre vale aqui a pergunta: como é que esses bagulhos armas sobem o morro, parceiro?

2 comentários:

  1. Tudo isso em torno da droga. Onde tem droga tem guerra, guerrilha, corrupção e violência. É assim em todo o mundo.
    O que a classe média deveria pensar é em deixar de consumir a droga. É a lei de mercado: há tráfico de droga, com todo o horror que isso gera, porque há mercado consumidor. Simples assim.

    beijo,

    Alice

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  2. Pois é, Alice! Está na hora de pensarmos nisso como uma questão de saúde e também com uma ótica mais ampla. Aumenta o número de pessoas que consideram a liberação como uma saída...

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