terça-feira, 10 de março de 2009

Nélida, Dinha, Elisa e as palavras.

No último sábado, li a entrevista de Nélida Piñon no caderno "Prosa & Verso", do jornal O Globo, e encontrei uma dama, dessas que não passam despercebidas e que mostram a que vieram ao mundo. Conhecia um pouco de seu trabalho e de sua história, mas não sabia de sua dimensão, de sua clareza e de como fala do mundo e das perspectivas (?) que permeiam esse Brasil. Mulher, escritora e senhora de uma literatura fina e mundialmente respeitada, Nélida nos chama à verdade da relação que existe entre a distância das letras, da palavra, do entendimento, e do tal desenvolvimento, não esse econômico que hoje se debate, mas o humano. As palavras que formam esse mundo literatura transformam o ser homem e permitem que vejamos, além desse horizonte, um caminho para uma nova humanidade.

No mesmo dia, conversando com uma grande amiga, também escritora, fui apresentado à obra de Dinha, na coleção "Literatura Periférica", que a editora Global lançou. "De passagem, mas não a passeio" é a mostra de que Nélida tem razão quando fala da amplitude que nos dá a literatura, porque Dinha nos traz poesia de dentro de um mundo onde muitos de nós só enxergam o medo. Poesia real, poesia visceral, melhor dizendo, mas não sem amor. "Passamos das dez/ Já não somos irmãos", assim ela nos coloca em um lugar de reflexão rico e intenso. Lendo essa autora da favela Vila Cristina, no Parque Bristol, em São Paulo, essa escritora "periférica", leio muitas pessoas, rostos, vozes, sorrisos e possibilidades, e me lembro de Cristóvam Buarque questionando quantos prêmios Nobel o Brasil deixou de ganhar por não permitir que seus jovens, cidadãos brasileiros como todos nós, tivessem a oportunidade de descobrir que podiam, que era possível desenvolver o talento que cada um de nós carrega.

Nesse momento, Nélida, Elisa (minha amiga) e Dinha são uma só voz. Entre a Lagoa, no Rio, e Vila Cristina, em São Paulo, não existe mais distância, porque essas mulheres usaram as pontes que as palavras constróem...além de botarem o pé na porta do óbvio e garantirem seu espaço e seu sucesso.

Evoé todas elas!

2 comentários:

  1. Oi! tudo bem?
    usei um trecho do seu texto na capa do meu livro novo, tudo bem?
    Abraços,
    Dinha

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    1. Dinha, por não conseguir acessar o blog, encontrei sua mensagem somente agora, e lhe digo que é uma honra e uma imensa alegria saber desse trecho em seu livro.
      Me diga depois qual a editora e nome, para que possa adquirir. Gosto muito do teu texto e da forma de mostrar as coisas.

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