quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

"Gente é para brilhar!"

"Assim como um homem ou uma mulher se converte em pessoa de caráter à medida que conseguem responder proativamente aos desafios que a vida lhes oferece, uma sociedade se torna coesa e se projeta quando é capaz de entender quais são os desafios que deve superar coletivamente" (Bernardo Toro)

O título deste post traz uma parte de uma famosa música de Caetano, e utilizo para expressar de maneira direta o que senti ao ler textos de alguns especialistas em RH que trazem à tona uma coisa que deveria ser simples, mas, talvez pela sofisticação que a simplicidade verdadeira sempre traz em si, não é comum de ser vista no mundo das corporações em geral: as organizações são feitas de pessoas, e são elas o seu maior patrimônio.

Toda pessoa jurídica é, de fato - e mesmo de direito, porque sempre precisa de um preposto para lhe representar - feito por pessoas físicas, e são elas que decretam o sucesso ou o fracasso de uma instituição. O trecho do texto do educador colombiano Bernardo Toro, que coloco acima, destaca isso e reforça que é a partir delas, as pessoas, que construímos uma comunidade de sentido que conseguimos chamar de país. Putnam, fazendo o caminho inverso de Tocqueville - que havia estudado a América - se debruçou sobre a Itália e constatou que existia nas cidades do norte daquele país - mais desenvolvidas e estruturadas do que as do sul - um forte sentimento de solidariedade e confiança, que ele denominou de "capital social". As pessoas resolviam eventuais conflitos de forma pacífica e amigável, e a confiança de ambas as partes no cumprimento do estabelecido era a principal garantia não somente da resolução de um problema pontual, mas da construção de uma sociedade calcada em princípios sólidos de caráter.

Quando vejo a coqueluche que o tema da sustentabilidade se transformou, percebo que ainda há um descompasso entre o que se fala e escreve e o que de fato se faz, e, mesmo com os avanços evidentes que encontramos, a percepção sobre o capital humano ainda deixa a desejar.

Recentemente estive à frente da área de comunicação em uma organização, e vi os efeitos positivos que olhar o público interno como principal stakeholder causou, assim como pude constatar que a promoção do voluntariado dentro de corporações proporcionou um nível de relação entre áreas de uma empresa que dinamizou bastante o processo de trabalho. A sensação de pertencimento gera um envolvimento maior com as questões do coletivo.

Somos todos seres humanos, somos mola propulsora de uma sociedade que se formou a partir do olhar para nós mesmos, e nos tornamos sociedade quando passamos a considerar o outro como um elemento com o qual nos relacionamos, com o qual acreditamos que podemos trocar, e essa troca se dá quando nos dispomos a ouvir o outro, seja ele par ou não no mundo corporativo, porque, antes de tudo, goza da condição de humano, e isso já nos faz pares no viver. Considerar isso é pensar em sustentabilidade. Perceber que uma média gerência insatisfeita pode inviabilizar os mais arrojados planos de inovação, que o chamado "chão de fábrica" (acho horrível essa denominação) tem muito a nos contar sobre fluxos mais eficazes de negócio, é pensar e considerar uma instituição como o ser orgânico que de fato é.

Tratando das relações que vão além de seus muros, que se estendem às casas de seus colaboradores, às escolas de seus filhos, aos clubes que frequentam, aos lugares em que celebram o seu espírito, compartilhando de suas vidas, os entes corporativos pavimentam uma trilha sustentável de vida, possibilitando a construção de caminhos alternativos nos momentos difíceis, assim como os de celebração nas vitórias alcançadas no decorrer do processo, mas isso, caros amigos, se faz com liderança exercida com responsabilidade, com equilíbrio e sem auto-suficiência, e aí está um dos grandes desafios.

A necessidade de construção de um mundo sustentável não é mais "moda passageira de gestão", é mais do que realidade com a ocorrência de graves problemas climáticos, e se essa transformação se dá a partir dos países e das corporações, detentoras da maior parte da renda mundial, é nas pessoas e na figura individual de cada um de nós que ela nasce e se fortalece.

O mundo é uma rede, e nós somos um ponto na trama que a compõe. Quanto mais pontos conscientes tivermos, a rede mais forte será, e o nosso amanhã há de ser feliz depois de um sono tranquilo. Vamos a ele!

2 comentários:

  1. Uhu! Agora li de novo e amei de novo. Bjs.

    ResponderExcluir
  2. seria tão bom se todos soubessem interpretar essa linguagem empresarial como algo do cotidiano, e que requer movimentos internos mais do que externos pra acontecer. Alguns destes livros eu costumo classificar como de auto-ajuda, mas tem que ter olhar diferente, tem que ser gente!
    A propósito, amo essa música interpretada por Bethania.
    Bjs

    ResponderExcluir