Tudo bem, sei que falar maravilhas da Confeitaria Colombo, no centro do Rio de Janeiro, pode até parecer lugar comum, mas ao se entrar aqui pela primeira vez - como é o meu caso - realmente voltamos no tempo e quase achamos que não estamos adequadamente trajados para a classe do ambiente, que, mesmo de época, ainda se impõe; ma o disparar de flash da máquina digital de um casal de turistas me traz de volta dessa "viagem", e eu, do fundo do salão, volto a reparar nas pessoas, meu mais recente hobby.
É muito interessante a diversidade de todos nas mesas, incluindo os gringos, mas algo que chama muita atenção é a completa ausência de negros, salvo os que servem as mesas e os do lado de lá do balcão. O tempo pode ter passado, mas o Brasil ainda mantém realidades que precisam ser resolvidas, de fato.
Ao som do sopro majestoso de mestre Pixinguinha, sigo observando e vejo a senhora de longa idade, o jovem executivo, as duas secretárias, o designer, a estudante de aparelho nos dentes e sem óculos na companhia dos pais, um jovem casal de meia idade, o clássico advogado de cabelos brancos, com blazer e camisa azuis e calça bege, o maitre, os flashes das máquinas sempre presentes e o tempo que, com o veludo da voz de Chet Baker ao fundo, me faz lembrar dos que aqui passaram e compartilharam sonhos, segredos, amores e boas gargalhadas, todos na construção de um momento de vida, todos acreditando que o amanhã seria certo, todos certos de que um novo momento, ainda melhor, haveria de chegar...
Tudo isso tendo esse salão por testemunha, o barulho dos talheres, conversas e xícaras como complemento de fundo musical, e a Confeitaria Colombo como esse portal que une sonhos e gerações.
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VOCÊ ESBANJOU SENSIBILIDADE NESSE TEXTO, MEU LINDO. PARABÉNS!!
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