quinta-feira, 21 de maio de 2009

Confeitaria Colombo

Tudo bem, sei que falar maravilhas da Confeitaria Colombo, no centro do Rio de Janeiro, pode até parecer lugar comum, mas ao se entrar aqui pela primeira vez - como é o meu caso - realmente voltamos no tempo e quase achamos que não estamos adequadamente trajados para a classe do ambiente, que, mesmo de época, ainda se impõe; ma o disparar de flash da máquina digital de um casal de turistas me traz de volta dessa "viagem", e eu, do fundo do salão, volto a reparar nas pessoas, meu mais recente hobby.

É muito interessante a diversidade de todos nas mesas, incluindo os gringos, mas algo que chama muita atenção é a completa ausência de negros, salvo os que servem as mesas e os do lado de lá do balcão. O tempo pode ter passado, mas o Brasil ainda mantém realidades que precisam ser resolvidas, de fato.

Ao som do sopro majestoso de mestre Pixinguinha, sigo observando e vejo a senhora de longa idade, o jovem executivo, as duas secretárias, o designer, a estudante de aparelho nos dentes e sem óculos na companhia dos pais, um jovem casal de meia idade, o clássico advogado de cabelos brancos, com blazer e camisa azuis e calça bege, o maitre, os flashes das máquinas sempre presentes e o tempo que, com o veludo da voz de Chet Baker ao fundo, me faz lembrar dos que aqui passaram e compartilharam sonhos, segredos, amores e boas gargalhadas, todos na construção de um momento de vida, todos acreditando que o amanhã seria certo, todos certos de que um novo momento, ainda melhor, haveria de chegar...

Tudo isso tendo esse salão por testemunha, o barulho dos talheres, conversas e xícaras como complemento de fundo musical, e a Confeitaria Colombo como esse portal que une sonhos e gerações.

Um comentário:

  1. VOCÊ ESBANJOU SENSIBILIDADE NESSE TEXTO, MEU LINDO. PARABÉNS!!

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