"Sou da época em que peça que faz sucesso ficava em cartaz". Foi com essa frase que o diretor do teatro SESI Centro, Colmar Diniz, convidou Elisa Lucinda a seguir em cartaz com sua peça Parem de Falar Mal da Rotina naquela casa que tem seus 350 lugares lotados nos finais de semana.
Com sete anos em cartaz em diversas cidades brasileiras, essa peça é, nas palavras de Nélida Piñon, "um acontecimento da escola de Cervantes", pois nos possibilita o luxo de ver e rir de nosso ridículo, do cotidiano e alegria de nossas vidas, por nos possibilitar estar no palco com Elisa Lucinda, por nos lembrar de nossos passos - dados ou exitados -, da importância do dizer eu te amo para a pessoa amada, do olhar carinhoso e atento ao filho que descobre o mundo, dos mundos guardados dentro das páginas de um livro, do sabor delicioso da poesia banhado com a calda da vida que o cotidiano nos dá, e talvez aí esteja a motivação que faz com que a platéia - sempre fiel - volte diversas vezes, seja solitariamente, como aquele que disse que vinha sempre aos domingos por ter o espetáculo como uma missa, seja na companhia de um amor, de um amigo, aproveitando o deleite de ver o efeito do transcorrer da peça naquela pessoa, seja porque ele, o espetáculo, assim como a vida, nunca se repete, sempre tem alguma coisa nova para surpreender e apreender.
Se a diversidade é um grande valor da sociedade contemporânea, ela é rainha no centro do Rio de Janeiro aos finais de semana. São pessoas vindas de todos os bairros e regiões da cidade, da Tijuca, do Méier, da Penha, de Copacabana, da Barra, de outros municípios, como Nova Iguaçú, Niterói, São João do Meriti, e até quatro vezes de São José do Rio Preto, 900 km de distância do Rio. Todas elas talvz atraídas pela curiosidade de entender a emoção dos que já viram a peça, ou pela possibilidade de vivenciar, nas suas duas horas e meia de duração - com quinze minutos de intervalo - a magia do teatro, pois Elisa Lucinda toma o palco e, com doação plena, conduz todos pela comédia que leva a platéia de amplas gargalhadas ao profundo drama, com reflexão sobre os dilemas e males contemporâneos.
Não é só um espetáculo com poesia, não é um programa de auditório, não é uma comédia, não é um teatro clássico, não é auto ajuda, não é um show de música, mas sim tudo junto, todas as partes do diverso que a vida tem, toda a diversidade de olhares presente no encontro, trazendo para o dia a dia um cotidiano poético, e com preocupação, com compromisso social, com o compartilhamento de caminhos e possibilidades, como a sugestão de leitura de um livro, de uma boa matéria publicada em uma revista, a "campanha" pela adoção intelectual de uma criança ou jovem, e assim Elisa Lucinda vai criando uma relação de cumplicidade com a platéia, que, ao ouvir seus poemas pontuados no decorrer do espetáculo, e, ao reconhecer-se nos inúmeros personagens expostos nas cenas, se livram do ranço de achar que poesia é algo somente para intelectuais empolados e descobrem que ela está presente no café da manhã, no pão quentinho, no filho com uniforme do colégio, em um belo amanhecer, que todo dia vem brindando a nova e constante possibilidade de recomeço.
Ao final, a rotina de cada um dos espectadores está ali na frente, sendo apresentada, sendo debatido, para que, em se desejando, não seja um fardo, não seja um pesar, mas a "burilação eterna" e um brinde à vida inédita que temos pela frente como protagonistas de nossa própria existência.
Para quem ainda não viu, vale uma ida ao centro - da cidade e de si mesmo. E a peça Parem de Falar Mal da Rotina fica em cartaz até agosto...do público.
Rio, outono deslumbrante de 2009.
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Edney.. temos alguns amigos incomuns e preciso falar com vc... quem me alertou a te procurar foi o Marton... preciso muito falar com vc... me acha: rossanamonteiro@yahoo.com.br
ResponderExcluirEsse email é msn, skype, email mesmo, orkut.
Te aguardo.
imperdível!!!!quando vem pra Sao Paulo...? Quero ver de novo!!!bjs
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